História e descrição da febre amarela epidêmica que grassou no Rio de Janeiro em 1850

José Pereira Rego

Indicação editorial e posfácio:
Sidney Chalhoub

Especificações

352
páginas
ano:
2020
peso:
481 g
isbn
978-65-990122-4-2

O verão de 1850 foi um divisor de águas na história da saúde pública no Brasil. Uma violenta epidemia de febre amarela irrompeu em várias cidades costeiras, matando dezenas de milhares de pessoas em poucos meses. Uma crise de saúde pública dessa proporção tende a abalar estruturas, a tornar incerto o futuro da sociedade. O tráfico africano de escravizados cessou logo depois, por motivos vários, entre eles, a hipótese de que a doença era originária da África. O destino da escravidão entrava em jogo enquanto a febre amarela dava ao país a reputação de “matadouro” de imigrantes europeus.

No ano seguinte aparecia História e descrição da febre amarela epidêmica que grassou no Rio de Janeiro em 1850, de José Pereira Rego, futuro barão do Lavradio, médico jovem que se tornaria a principal personagem da administração da saúde pública no país ao longo do Segundo Reinado.

História e descrição é testemunho fascinante de como os médicos do período enfrentaram uma doença que não sabiam como se propagava e para a qual não conheciam tratamento eficaz. A cidade tinha uma estrutura de atendimento insuficiente, nem mesmo conseguia enterrar os seus mortos no ritmo imposto pela peste. Foram proibidos os enterramentos nas igrejas, porém, a população resistia aos cemitérios. Era o caos em meio ao sofrimento.

Em 2020, a circulação máxima de mercadorias e de pessoas, assim como o seu corolário virtual, a comunicação instantânea sem fronteiras, lançou o planeta inteiro num pesadelo distópico. Por um tempo, tudo parecia parado ou prestes a parar. Sofrimento, mortes, incerteza, futuro abolido, experiências tornadas mais dramáticas pela rapidez das mensagens virtuais. O historiador Sidney Chalhoub, responsável pela indicação e pelo posfácio do livro, pergunta: o que o velho barão do Lavradio e sua luta num mundo que vivia outra crise cataclísmica — o fim da escravidão — teriam a dizer-nos? As epidemias de febre amarela daquele tempo dramatizaram a transformação histórica que levaria ao fim de uma das mais atrozes instituições da história da humanidade. Como a atual pandemia nos desafia, que futuro ela nos insta a construir?

José Pereira Rego nasceu no Rio de Janeiro em 1816. Foi a principal personagem da história da saúde pública no Império, tendo sido presidente da Junta Central de Higiene e da Academia Imperial de Medicina. Liderou o combate à febre amarela, cólera e varíola, que assolavam o país no período.

Sidney Chalhoub é professor dos Departamentos de História e de Estudos Africanos e Afro-americanos na Harvard University desde 2015. É autor de Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte (1990),  Machado de Assis, historiador (2003) e A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista (2012), além de artigos e capítulos de diversas obras.

Vídeo

O historiador Sidney Chalhoub conversa com o médico Drauzio Varella sobre José Pereira Rego e a história das epidemias no Brasil

Trecho

Na verdade, o homem de ciência que contemplava o estado aparente de salubridade de que gozávamos […] no meio desses elementos de destruição; que experimentava o peso da atmosfera nos últimos meses do ano; que encarava para a falta de brilhantismo do céu do Rio de Janeiro, toldado por essa miríada de corpúsculos devidos à decomposição das matérias animais e vegetais desprendidos dos imensos focos de infecção entre nós existentes, e dando à atmosfera um aspecto tristonho e carregado, decerto não podia deixar de maravilhar-se do que observava, e de não enxergar nesse como torpor ou inação dos elementos de destruição que nos rodeavam um desfecho tanto mais terrível para a humanidade, quanto maior fosse sua duração, uma vez que condições favoráveis viessem pôr em conflagração os elementos combustíveis há tanto tempo acumulados […] 

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