O 15 de Novembro e a queda da Monarquia: relatos da princesa Isabel, da baronesa e do barão de Muritiba

Keila Grinberg & Mariana Muaze (org.)

Especificações

200
páginas
ano:
2019
peso:
286 g
isbn
978-65-80341-03-0
isbn (e-book)
978-65-80341-27-6

15 de novembro de 1889, data da proclamação da República brasileira, foi também o último dia da família real no Brasil. Na madrugada do dia 16 para o dia 17, uma pequena comitiva deixou o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e embarcou rumo ao exílio na Europa. A bordo do navio Alagoas, além da família imperial, viajaram criados, o médico do imperador e amigos próximos da família. Entre eles, o casal Manuel Vieira Tosta e Maria José Velho de Avelar, barão e baronesa de Muritiba — uma das amigas mais íntimas da princesa Isabel.  

A princesa, a baronesa e o barão de Muritiba escreveram seus próprios relatos sobre a queda da Monarquia, a proclamação da República e o exílio da família imperial. Esses relatos — dois deles inéditos — estão sendo publicados pela primeira vez em conjunto. Isabel começou a escrever no dia 22 de novembro de 1889, ainda no calor dos acontecimentos, a bordo do navio que os levava para Portugal. “Escrevo tudo isto porque é raro relatar-se exatamente o que se ouve”, afirmava. Talvez encorajada pela amiga, a baronesa também elaborou, durante a viagem para a Europa, sua própria exposição dos fatos que vivenciou. O barão, por sua vez, escreveu em 1913, quando os três viviam em Cannes. Os três relatos narram os acontecimentos vividos por seus autores entre 14 de novembro e 7 de dezembro de 1889, quando chegaram a Lisboa.  

Estes documentos foram encontrados por acaso em meio a cartas, bilhetes, fascículos de revistas avulsas, livros, folhetos de orações fúnebres, diplomas, convites de casamento e certidões doados pela família Vieira Tosta ao Arquivo Nacional. Mais que narrativas pessoais escritas por importantes figuras da Monarquia brasileira, são uma tentativa de dar inteligibilidade ao evento que afetou suas vidas e a história do país.  

130 anos depois, esses relatos são também uma oportunidade de reflexão acerca das versões construídas por republicanos e monarquistas sobre a proclamação da República. 

Keila Grinberg é professora titular do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Entre outros livros e artigos, é autora de Liberata, a lei da ambiguidade: as ações de liberdade da Corte de Apelação do Rio de Janeiro no século xix (1994) e O fiador dos brasileiros: cidadania, escravidão e direito civil no tempo de Antonio P. Rebouças (2002).

Mariana Muaze é doutora em história pela Universidade Federal Fluminense, com pós-doutorado na University of Michigan, pesquisadora do cnpq e professora associada do Departamento de História da Unirio.

Vídeo

Trecho

Tão escasso era, com efeito, o número dos republicanos que, segundo é corrente, Quintino Bocaiuva achava indispensável a coadjuvação das classes armadas para conseguir a realização dos seus ideais políticos. […] porque o 15 de Novembro é obra exclusiva dessas classes, que se arrogaram o direito de falar em nome da nação e manietaram a sua soberania ao imporem à Constituinte a obrigação de não afastar-se dos moldes da República federativa por elas proclamada! Assim a Constituição de 24 de fevereiro está inebriada de um vício radical de origem — o de violência. Acrescentam-se a isso os processos e expedientes de favores […] e será mister concordar que eles não foram expressão da vontade nacional.

 

Manuel Vieira Tosta, barão de Muritiba 

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