Especificações
- 232
- páginas
- ano
- 2022
- peso
- 372 g
- isbn
- 978-65-80341-04-7
- isbn (e-book)
- 978-65-80341-18-4
Pasquins eram papéis manuscritos, anônimos, que apareciam nas primeiras horas do dia afixados em lugares de grande circulação. Sofriam uma perseguição implacável, e por isso poucos foram conservados. O pasquim do Calambau traz o único exemplar que restou das três cópias de um pasquim veiculado no pequeno arraial de Calambau, no interior de Minas Gerais, no ano de 1798.
O “pasquim do Calambau” veio à luz seis anos depois da condenação dos réus da Conjuração Mineira, e relata de maneira satírica a má conduta de um morador local, ao mesmo tempo que apresenta uma visão incomum do movimento libertário, atacando-o com ferocidade.
Conforme se percorre o texto, descortina-se aos poucos um universo de sentidos: o vocabulário é rústico e a linguagem, impregnada de oralidade, tem a função de cativar a gente simples da rua, os trabalhadores da roça, oficiais mecânicos, homens e mulheres escravizados, vizinhos.
O pasquim do Calambau: infâmia, sátira e o reverso da Inconfidência Mineira, organizado por Álvaro de Araujo Antunes e Luciano Figueiredo, traz o pasquim, a devassa — na qual se coletaram dezenas de depoimentos dos moradores locais — e trechos do processo judicial que julgou o caso. Lidos em sequência, esses textos não apenas formam um vasto painel dos conflitos e acontecimentos do período, mas oferecem também um raro retrato da oralidade e das ideias políticas e religiosas populares do período.
Álvaro de Araujo Antunes é professor associado de história na Universidade Federal de Ouro Preto, onde leciona e pesquisa a história do Brasil Colônia. Entre 2016 e 2018, coordenou o Laboratório de Pesquisa Histórica e o Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana (mg).
Luciano Figueiredo é professor titular da Universidade Federal Fluminense. Sua pesquisa concentra-se na época do Brasil Colônia, tendo como temas principais Minas Gerais, revoltas e ideias políticas.
Trecho
Luís José da Costa, homem pardo, morador neste arraial de Calambau […] que vive de ser serigueiro e da arte da música, […] disse que ele, testemunha, sabe por ser muito público e notório e constante neste arraial que no dia quatorze deste corrente mês e ano apareceram em várias partes deste arraial três pasquins pregados […] disse que o sargento-mor Manoel Caetano Lopes de Oliveira vive neste arraial muito manso, pacífico, urbano e obsequioso, tratando a todos com muita civilidade; e outrossim sabe ele, testemunha, que […], em ocasião em que o referido sargento-mor mandava fincar um esteio nas suas terras para levantar umas casas, rompeu no maior desatino o alferes Domingos de Oliveira Álvares, gritando “aqui del-rei” contra o mesmo sargento-mor, gritando que ele era um ladrão que o queria roubar e que era régulo, inconfidente à Coroa, além de outras muitas palavras injuriosas
Trecho da devassa (junho de 1798)
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